Mexilhão Dourado
Dispositivo com uso de IA promete revolucionar o controle de infestações de espécies invasoras
Dispositivo de monitoramento autônomo deve chegar ao mercado


Tecnologia inovadora revoluciona o controle de infestações de espécies exóticas
Automatização de processos de pesquisa e manejo do mexilhão dourado deve levar à criação de novos métodos para o controle de espécies invasoras
A introdução de espécies exóticas é a segunda principal causa de perda de biodiversidade, atrás somente de fragmentação e perda de habitat. No Brasil, o Ministério do Meio Ambiente identificou 543 espécies que afetam nossos ecossistemas e, entre as três espécies mais prejudiciais está o mexilhão dourado (Limnoperna fortunei), um molusco asiático de 3 cm, que chegou à América do Sul na década de 1990 pelo estuário do Rio da Prata, através da água de lastro de navios cargueiros.
Com alta reprodução e ausência de predadores naturais, o mexilhão dourado atinge densidades de até 200.000 indivíduos/m², migrando para várias bacias hidrográficas e causando desequilíbrios ambientais, sociais e econômicos em setores como hidroeletricidade, piscicultura, pesca, navegação fluvial, ecoturismo e tratamento de água urbana.
Em 2018, o molusco já estava presente em 38% das hidrelétricas do Brasil, afetando 55% da capacidade instalada. Ele causa entupimento de dutos, grades, sistemas de resfriamento, tubulações e trocadores de calor, além de danificar bombas, tanques, poços, túneis e estruturas de concreto. Isso resulta em mais paradas para manutenção e limpeza, gerando prejuízos econômicos e riscos para a geração hidrelétrica, estimados em US$ 120 milhões por ano.
Diversos outros atores socioeconômicos também são afetados pela sua presença:
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Causam prejuízos aos piscicultores, devido à incrustação dos mexilhões nos tanques, o que reduz a circulação de água, piora a qualidade do cultivo e aumenta o uso de antibióticos
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A pesca esportiva e artesanal também é prejudicada, pois alguns peixes ingerem os mexilhões que, por não serem digeridos, continuam crescendo dentro do aparelho digestório dos peixes
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Afeta o ecoturismo e a navegação, pois os animais incrustados nos cascos das embarcações geram arrasto e aumento do consumo de combustível, e as praias e margens de rios infestadas parecem insalubres, principalmente quando o nível da água baixa e os mexilhões morrem e apodrecem, causando mau cheiro e representando risco de cortes aos banhistas
Até hoje, todas as tentativas de eliminação do molusco, por métodos químicos ou físicos, falharam e o monitoramento de espécies exóticas se mostra essencial para o desenvolvimento e aplicação eficiente de protocolos de manejo e controle.
Como a hubz ajuda a enfrentar esse desafio
A partir de 2017, uma empresa de hidroeletricidade integrou-se aos desenvolvimentos iniciados pela UFRJ, para a adoção de uma estratégia inovadora para combater o mexilhão dourado, visando modificar geneticamente o molusco para inibir sua capacidade reprodutiva e causar o colapso das populações invasoras. Inspirada no sucesso de técnicas semelhantes usadas contra mosquitos transmissores de doenças, essa abordagem faz parte de um programa de desenvolvimento de longo prazo, que já contou com a participação de outras empresas e centros de pesquisa.
No âmbito deste programa, em 2019, a hubz iniciou o desenvolvimento de um dispositivo autônomo que utiliza tecnologias da indústria 4.0, como inteligência artificial e sensores autônomos, para monitorar em tempo real as populações de mexilhões, comprovando a eficácia da rota biotecnológica.
Essa inovação não só reduz custos e acelera a aquisição de dados, mas também elimina erros humanos e amplia significativamente as possibilidades de aplicação, superando as limitações atuais.
O equipamento fornece dados remotamente e em tempo real, avaliando a abundância do mexilhão dourado com uso de inteligência artificial e combinando essas informações com sensores inteligentes, cujos dados podem ser usados como base para iniciativas de gerenciamento, auxiliando na tomada de decisões e avaliando o sucesso dos métodos de desinfestação, com os seguintes benefícios:
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Redução dos impactos socioeconômicos e ambientais causados pelo mexilhão dourado nas águas brasileiras e restauro do equilíbrio em ecossistemas afetados, otimizando os métodos de controle existentes e minimizando impactos em paisagens e no uso recreativo de águas continentais
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Aumento da eficiência e redução dos custos operacionais em usinas hidrelétricas e outras instalações afetadas, contribuindo para a redução dos custos de geração de eletricidade
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Automatiza processos de pesquisa e manejo do mexilhão dourado e facilita a criação de novos métodos para o controle de outras espécies invasoras, resultando em uma tecnologia inovadora com aplicações potenciais em diversos ambientes e setores, apoiando iniciativas de manejo biológico e ambiental
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Viabiliza o monitoramento de áreas protegidas e a detecção rápida de vazamentos em plataformas offshore, além de identificar fontes ilegais de poluição da água e assegurar a conformidade com regulamentações em docas, marinas, estaleiros e outras instalações costeiras, beneficiando indústrias como óleo e gás e transporte marítimo
Resultados
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Validação da metodologia inédita baseada em inteligência artificial e modelagem matemática para identificação da severidade da infestação e modelagem ecológica
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Conquista de sucessos científicos e tecnológicos, incluindo produção de artigos, apresentações em congressos nacionais e internacionais, contribuição na formação acadêmica de novos profissionais e conquista de prêmios
Hoje existe um método preciso e barato, capaz de identificar a severidade da infestação e acompanhar a evolução de populações dessa espécie invasora, acessível a empresas, órgãos reguladores e ambientais e à sociedade civil.
A hubz está focada em avançar o desenvolvimento do dispositivo, superando cada etapa do processo de inovação para que ele alcance o mercado. Inicialmente projetado para combater o mexilhão dourado, está sendo aprimorado para monitorar uma ampla variedade de espécies aquáticas em rios, lagos e oceanos. Com cada novo avanço, o dispositivo se aproxima de se tornar uma ferramenta indispensável para a preservação ambiental global, com potencial para revolucionar as iniciativas de conservação de ecossistemas aquáticos.
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